117 anos: Moradora de Queimadas pode ser a mulher mais velha do mundo
"Jesus, tome conta de todos nós". Para os mais religiosos, a frase escrita na parede do quarto de dona Aquelina Maria de Jesus pode ser sinal de que o "homem lá de cima" resguarda a longevidade da idosa. Para os mais céticos, é mais difícil explicar. É que a senhora completa, no próximo sábado (10), 117 anos, de acordo com seu Registro Geral. Ainda muito lúcida, ela garante que nasceu neste dia.
Natural de Riachão do Jacuípe, na região sisaleira da Bahia, ela vive há 15 anos no povoado Pedrolândia, zona rural de Queimadas - distante 120 quilômetros da sua terra natal. A casa onde mora a centenária não possui grandes luxos, mas é tudo arrumado pensando também no bem-estar de dona Aquelina. Ela teve seis filhos, 25 netos, 62 bisnetos, 33 trinetos e três tetranetos. Todos se orgulham da matriarca.
Há sete anos, Aquelina teve uma fratura no fêmur e não levanta mais da cama. A idade impediu que uma cirurgia fosse realizada, no alto dos seus então 110 anos. A fé, que apresentamos no início desta reportagem, parece ser uma companheira que a idosa jamais soltou. Com a ajuda da neta, Waldir Maria de Jesus, a dona Tica, a centenária ora:
Gratidão, Deus. Ele me ajudou até aqui e vai me ajudar mais. E a toda minha família. Deus é bom
Dona Tica é a responsável por cuidar da avó. Aos 66 anos, ela tem a bênção de ter também a mãe viva, de 93. "Me sinto feliz de ver essa história preciosa. Para mim, é um privilégio ter minha mãe e minha avó. Alguma coisa ela [Aquelina] ainda fala. Os amigos vêm sempre aqui. Os filhos e netos vêm aqui. A privilegiada sou eu, que fico dia e noite cuidando dela. Esse é o trabalho que Deus me deu e peço saúde e prosperidade para vencer", diz.
A missão de dona Tica, porém, não é fácil. Como dona Aquelina não levanta, por conta do problema no fêmur, tudo é feito em cima da cama. "Ela caiu há sete anos. Não fez a cirurgia por conta da idade. Ela não dobra a perna. Deus me dá força para virar ela, de um lado para outro. Ela faz todas as necessidades aqui. A dificuldade sempre tem, mas Deus me dá forças para cuidar", conta a também idosa.
É Tica quem ajuda a avó a conversar. "Tem momentos que ela fala. A gente pergunta a ela...". Nesse momento, a conversa com a reportagem é interrompida e Waldir Maria tenta interagir com dona Aquelina. "'Mãe, como é o nome de seu pai?', pergunta. Ela fala nome do pai, nome da mãe e de algum filho. Há momentos em que ela chama por todos que conhece. Hoje mesmo ela está calada", avisa Tica, ao explicar a já fraca fala da avó.
Os filhos, netos e bisnetos renderam para a família quase que incontáveis outros parentes. Orgulhosos, aliás. "Ela é amada por todo o povoado. Aquelina mora aqui há 15 anos. Anteriormente, morava em Belo Alto, na Rua de Augusto, que é o nome do pai dela. Lá, tem também um time de futebol com esse nome. Ela veio para cá porque tinha quebrado o braço e ficou com a filha", explica Adailma Silva, esposa de um dos 25 netos de Aquelina. * Matéria publicada originalmente no site Portal do Casé